7.10.09

Mário Cesariny (Portugal)

   
     



foto jsm
   
    
   
    
Em todas as ruas te encontro


Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto, tão perto, tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco
     
      

8 comentários:

maria josé quintela disse...

como tudo na vida...



não sei porquê, mas sabe-me aqui a outono.



...e sabe-me bem.





um abraço.

Isabel disse...

um Mário mais formal no cruzar do pensamento.


um Cesariny mais "familiar" dentro das linhas melancólicas.

afinal o Poeta pode ser o mapa da simplicidade.
que resiste. sempre.



abraço.


e parabéns pela fotografia.

Isabel disse...

e sempre se perde o caminho seja em ruas iluminadas seja no deserto amplo. este m.c. é um "olho fechado" no cimo de uma montanha de onde melhor se chega à inutilidade da resistência ao esplendor.
tantas vezes não se chega. e outras tantas se atravessa a transfiguração do verbo...

Bandida disse...

magnífico Cesariny!!

José Pires F. disse...

Dias atrás, entre amigos, falávamos de Cesariny. Eu, contrariamente à opinião de uma bandida e querida amiga, manifestei-me como não apreciador, excepto numa meia dúzia de poemas. Este é um deles, embora, como diz a Isabel seja formal e simples. Um outro Cesariny que me confunde, uma outra alma.

Que me desculpem mas eu não gosto de Cesariny. Reconheço no entanto que o poeta tinha coisas de génio que, na minha opinião, teimava em estragar.

Meu caro JSM, desculpe lá este “garfo nas costas”.

Abraço.

maré disse...

"O pior é que sempre que avançava alguns passos na direcção certa, desiludia-se. A harmonia com o mundo e com o seu próprio corpo continuava inacessível; e outras ignorâncias surgiam, outras trevas o cegavam. O que parecia estar perto, repentinamente, ficava fora do seu alcance."



ando a ler Al Berto e, vá lá saber-se porquê, apeteceu-me deixar algo do Anjo Mudo que estou a descobrir :)

.um beijo
melhor_ cinco, seis, sete...

José Pires F. disse...

Leio agora a Maré. Parece até, que Al Berto descreveu o Cesariny.

Gostava de saber a opinião de quem o conheceu bem, a Isabel.

Forte abraço.

Isabel disse...

(não posso PiresF...por pudor..)

e depois que interessa quem o des.lê se há sempre quem se acrescenta no que Ele não disse nem metaforizou?

a poesia é tantas vezes a divagação in.secreta que nos vive e cosemos à pele do nosso desejo de ser poeta...:(

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