10.10.09

José Joaquim Passos (Nicarágua)

  
      

 

foto jsm
     
     
    

Quatro
   
Fechando estou meu corpo com as quatro paredes,
nas quatro janelas que teu corpo me abriu.
Estou a ficar só com meus quatro silêncios:
o teu, o meu, o do ar, o de Deus.
   
Vou descendo tranquilo por minhas quatro escadas,
vou descendo por dentro, muito dentro de eu,
onde estão quatro vezes quatro campos enormes.
Por dentro, muito dentro, - que vastidão eu sou!
  
E que pequena és tu com teus quatro reais,
com teus quatro vestidos feitos em Nova Iorque.
Vais ficando despida e pobre ante meus olhos;
quatro vezes te quis; quatro vezes já não.
    
Estou a fechar minha alma, já não espreito a ver-te,
Já não te vejo o ar que meu amor te dera;
vou descendo tranquilo com meus quatro carinhos:
o outro, o meu, o do ar, o de Deus.
    
     
Tradução de José Bento
    
      

6 comentários:

maria josé quintela disse...

a vida com quatro esquinas.


não conhecia. obrigada JSM.



(por isso é que eu gosto do cinco!)





um abraço.

maré disse...

nada quero ver.

ceguei da incidência de uma luz

que ao alojar-se projectou enormes campos de sombras.

e nesta vastidão
atua nudez é um silêncio de memórias inválidas.


Obrigado JSM, por nos facultar o conhecimento crescente

deixo-lhe um beijo
e se me permite a quem se seguir por aqui

isabel mendes ferreira disse...

e assim se rende a palavra ao mais profundo interior de um eu universal.


a cada um a sua metade do mundo e a ao outro que nos lê se oferece o resto.


vasto a língua do coração.


.ps. rubro como a quilha "enredada".

José Pires F. disse...

“a cada um a sua metade do mundo e a ao outro que nos lê se oferece o resto.”

Depois destas palavras da I que mais dizer… “uma quilha enredada”? Também ela o disse.

Gostei.

Forte abraço e beijinhos para as meninas.

Isabel disse...

:) errata: "vasta a língua do coração".....

nestes dias ando com as letras todas à ilharga da correcta grafia....deve ser do calor que embala lisboa...:)

desculpas.


olá PiresF e "meninas"...

________________.

Ana Oliveira disse...

Gosto da sensação de serenidade dos quatro carinhos! E do consolo lucido que são.

Beijos

Ana