14.11.09

Fiama Hasse Pais Brandão (Portugal)

     
    


foto da net sem indicação de autor
    
  


Epístola para Dédalo

Porque deste a teu filho asas de plumagem e cera
se o sol todo-poderoso no alto as desfaria?
Não me ouviu, de tão longe, porém pensei que disse:
todos os filhos são Ícaros que vão morrer no mar.
Depois regressam, pródigos, ao amor entre o sangue
dos que eram e dos que são agora, filhos dos filhos.

in Epístolas e Memorandos, 1996
   

6 comentários:

José da Silva Martins disse...

Consideração do ensaísta Eduardo Lourenço:

Fiama é “uma espécie de concha de silêncios, onde se reflectiam todas as dores e alegrias do mundo (...) mas vamos ter agora tempo para a ler, como é costume em Portugal, onde só acordamos com os mortos nos braços” e “se há um céu para os poetas, como se diz que há para as crianças quando morrem, pela sua inocência, Fiama, que tinha esse nome maravilhoso de chama, terá nele certamente um lugar.”

Eduardo Lourenço é autor do prefácio de “Obra Breve”, livro que reúne a poesia completa de Fiama Hasse Pais Brandão (Assírio e Alvim, 2006).

isabel mendes ferreira disse...

Fiama é todo o cosmos em arte poética. outra dimensão interior. outro ser antes do ser.


um evarest silencioso.


uma maravilha ainda por ser o conhecimento total.


belo aqui. o testemunho.


abraço.

maria josé quintela disse...

dos desígnios insondáveis das asas.


das eternas interrogações.



e das Poetas Maiores. que nos visitam do seu céu.



um abraço JSM.

maré disse...

porque o destino é a ousadia das asas.
e o futuro o embalo da inocência queimada.

porque há um céu, pródigo, que acolhe sem ajustes as mais turvas flores do sangue


.


bom domingo

Maresias disse...

Há, realmente, poetas para os quais " só acordamos com os mortos nos braços".

E Fiama só não me era desconhecida pela lombada do livro que se res.guarda numa estante conhecida.

Não fora essa estante, onde páro para esfregar os olhos, e nunca teria conhecimento da sua existência.



Vou lcomer a laranja que me deixou.

.

Obrigada.

Beijo

Maresias disse...

Como um relâmpago, fez-se luz na minha memória e descobri o "onde" e "quando" soube desta Poeta.

Dado que poucos lêem poesia para além dos próprios poetas, e sendo eu uma representante dos poucos, descobri onde li Fiama.

Pois, foi em casa da Poeta a.quando de uma visita.


"Começa a alba, a luz,
existe a harmonia –"

F.H.P.B., (Este) Rosto, 1970


A assim, comi a laranja sob o olhar da laranjeira.

Beijo JSM