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Dá-me
Dá-me algo mais que silêncio ou doçura
Algo que tenhas e não saibas
Não quero dádivas raras
Dá-me uma pedra
Não fiques imóvel fitando-me
como se quisesses dizer
que há muitas coisas mudas
ocultas no que se diz
Dá-me algo lento e fino
como uma faca nas costas
E se nada tens para dar-me
dá-me tudo o que te falta!
Versão de Herberto Helder.
5 comentários:
da arte sublime de pedir nada!
este lugar continua a somar surpresas.
um abraço.
dá-me um fio de água
ou um clarão, ainda que fugaz, dessa lua sem luz.
dá-me o princípio da palavra
quando o amor se pronuncia.
dá-me qualquer coisa, ainda que o que me dês, seja o desalento do teu olhar vazio.
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Obrigado! não conhecia sequer , e é lindo.
Beijos
Não conhecia e, mesmo antes de entrar na caixa de comentários, fui ao Google pesquisar.
O que li, leva-me a crer que é muito bom e trouxe de lá um poema que acho vai gostar.
Mas, antes, deixe-me dizer à Maré que, como sempre, a sua réplica é excelente.
Dito isto, aqui vai:
TRÊS COISAS
Cansado já de tudo
Cansado de amar
Nada mais tenho que um modo
de existir respirar
Já não sei aonde ir
Nem sei de onde venho
Queimei-me de existir
Cinzas agora tenho
Perdi meu coração
Paguei-o como peça
de fogo enfim carvão
Tornada fumo a cabeça
Persegui como um cego
três coisas sem piedade
respiração e depois
prazer e obscuridade
Carlos Edmundo de Ory
Versão de Herberto Helder.
"Dá-me algo lento e fino
como uma faca nas costas
E se nada tens para dar-me
dá-me tudo o que me falta!"
.
Dá-me.
Dá-me uma pedra bruta para te esculpir.
Dá-me um maço e um cinzel
Eu quero remover os excessos de ti
as partes mudas que escondes.
.
.
.
.
Não de si JSM, isso não.
...
Obrigada por me ter dado a conhecer este autor encantador.
Forte abraço.
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